
Boa tarde a todos.
Este final de semana eu e o meu amigo Chuchu fomos para um grande desafio, fazer a corrida Bertioga – Maresias 75km no sábado e no domingo fazer os 25km em São Paulo.
Durante os últimos 15 dias ficamos planejando, a prova de Bertioga requer um boa logística e pessoas para fazer o apoio, pois o percurso que é difícil e isolado, não tem apoio algum da organização, o que é lamentável, para vocês terem uma idéia, a organizadores não oferecem aos atletas nen um copo de gatorade e muito menos uma fruta, por isso um bom apoio é fundamental para poder chegar, e principalmente, chegar bem.
Acordamos por volta da 02:00hs da madrugada, encontramos nossos amigos ainda em São Paulo e nos direcionamos para Bertioga, a equipe era constituída das seguintes pessoas:
Edmilson, Chuchu, Marcio, Paulinha, Cleide, Vivi, Nelson e Gabi, teríamos também dois carros e uma bike, este era todo apoio que necessitávamos.
Chegamos cedo em Bertioga, por volta das 06:00 horas e que nos permitiu tempo suficiente para tomarmos um bom café da manhã, a saída seria as 07:00hs.
Dada a largada, saímos com bastante tranquilidade, procurando economizar energia, um fator de preocupação era o sol que prometia ser muito forte, tenho uma frase para resumir esta corrida: “ UMA CORRIDA FEITA PARA NÃO CHEGAR, QUEM CHEGA É TEIMOSO”, quanto mais você vai passando os Kms, mais ela vai ficando difícil, ainda com sol forte, aí sim a coisa fica complicada.
Combinamos com o pessoal de apoio para eles entrarem em ação a partir do km 25, pois até este momento estaríamos bem.
Como a saída foi em um bom horário, ficamos em um ritmo confortável e antes do km 10 o Marcio com a bike nos alcançou. A esta altura por volta das 08:00 horas o sol já estava pegando forte, correr na areia e com o sol intenso, sou uma pessoa que perco muita água, correr com sol, sem uma sombra, queira ou não, você começa a ficar preocupado.
A situação para o Marcio também não era fácil, afinal teria que andar de bike em uma areia fofa, com uma mochila pesada nas costas, sol forte e ainda vinha de uma forte gripe.
O Chuchu corria muito bem, quanto a mim comecei a ter alguns problemas depois do km 25, corria com tornozeleiras em virtude de um problema que tive no tendão esquerdo, mas ela começou a machucar o pé, tive que dar uma parada para tira - lá, e aproveitar para trocar o tênis, coloquei um com melhor amortecimento.



Saí do mangue super cansado, levei comigo a conselho de um amigo cápsulas de guaraná, como é estimulante, e esta pessoa já havia usado e se sentindo bem, resolvi experimentar, engoli duas cápsulas de guaraná e segui em frente. Uns kms mais para frente comecei a ficar para trás, o Chuchu começou a abrir uma longa distância entre nós, o Marcio notou que meu ritmo havia caído drasticamente, perguntou-me se estava tudo bem, no primeiro momento respondi que "tudo em ordem", mas cada vez mais a distância entre nós aumentava, novamente o Marcio se aproximou e disse que a coisa estava ficando perigosa, pois ele era o apoio para os dois, e como Chuchu ficava cada vez mais longe de nós ele não teria condições de fazer o apoio aos dois, afinal teria que ficar indo e voltando, nesta situação quem quebraria seria ele e nos deixaria só.
Mas não consegui, aquela duas cápsulas de guaraná que havia tomado tempos atrás estavam fazendo um efeito devastador no meu estômago, sentia fortes dores, não havia falado para o Marcio até aquele momento para não deixá-lo preocupado, mas não tinha mais jeito, avisei o que sentia, ele logo veio com a solução, iria pedir para o Nelson entrar em ação do seguinte modo:
Entregaria a bike para o Nelson para fazer o apoio do Chuchu e ficaria comigo para me ajudar, chegamos ao ponto onde encontramos o pessoal, explicamos a situação ao Nelson, foi um momento de bastante apreensão, afinal mudaria totalmente a logística da prova, o Marcio faria uma corrida sem o tênis apropriado, e o Nelson acompanharia o Chuchu de bike em um percurso que dalí em diante seria o mais difícil, fora isso as meninas teriam que fazer o apoio de todos que seguiam, ou seja, elas teriam que tomar conta de dois carros e apoiar quatro pessoas, a coisa tinha complicado, mas todos se conscientizaram que teríamos que dar algo mais para que pudéssemos chegar ao final da prova, foi um momento em que a palavra EQUIPE mostrou-se na pratica seu significado.
O Marcio foi conosco para fazer o apoio de Bike, em nenhum momento achou que tivesse que descer da bike para correr, portanto estava com uma sapatilha para pedalar, a sua futura esposa lembrando deste detalhe e sabendo também que o mesmo não me abandonaria em hipótese alguma, pegou o carro e foi até Maresias para comprar um par tênis de corrida e assim ajudá-lo e avitar que pudesse ocasionar alguma lesão, estamos falando de rodar uns 100km idade e volta e ainda dar o apoio aos atletas que estavam correndo, todos nós ficamos emocionados com a atitude de companheirismo feito por ela.

Mais para frente, eu mais uma vez daria o tiro de misericórdia em mim mesmo, até então não tinha noção que o mal vinha do guaraná, chegando quase perto do km 55, pensei comigo que o problema que sentia era um desequilíbrio eletrolítico, ou seja, falta de sódio, afinal o sol forte fazia com que perdesse não apenas água, mas sais minerais, tinha comigo um flaconete com shyo e tomei, foi a mesma coisa de dar um soco na boca do estômago, definitivamente dei adeus a corrida, estava para entrar em uns dos piores trechos do percurso, no estado em que se encontrava, não tinha a menor condições de ultrapassar os obstáculos que haveria pela frente, e deixaria a equipe totalmente preocupada, pois ficaria muito para trás e as meninas teriam que se dividir, pois o Chuchu estava muito na frente, esta divisão naquele momento seria inviável, acabaria atrapalhando a todos, e talvez não chegasse ninguém ao final da prova.
Somos uma equipe, neste momento não poderia pensar só em mim, tinha que pensar no trabalho que daria e na preocupação que causaria à todos, por isso tomei a decisão de abortar, e podem ter certeza quem me conhece sabe que foi uma decisão difícil e muito dolorosa, todos ficaram tristes mas tínhamos um atleta que precisava de nossa ajuda para poder chegar, agora o apoio todo era para o Chuchu.



Os encontramos próximo ao km 65, o Marcio e o Nelson faria o apoio de perto, fiquei com as meninas, assumi o volante já que as minhas condições eram a piores possíveis, não seria de grande valia no campo de batalha, procurei ajudar do jeito que pudesse, um pouco antes de chegar na subida de Maresias, que é a grande muralha para chegar ao fim da prova para muitos corredores, parei o carro, junto estava a Vivi, Paulinha, Cleide e a Gabi, seria o apoio final, onde poderiam se hidratar e comer alguma coisa se tivessem vontade.
Os atletas estavam bem, o Chuchu pronto para subida, o apoio do Marcio e o Nelson seriam agora fundamentais para a chegada, neste momento a Cleide desceu do carro e convidou a Paulinha para subirem correndo o morro, e lá foram elas, apesar de toda a correria que haviam feito para nos ajudar ainda estavam com disposição para esta corrida final.
Pegamos os carros, agora a turma de apoio era menor, mas mesmo assim continuávamos lutando juntos para que todos chegassem bem, o apoio era: Vivi, Gabi e Edmilson, correndo agora estavam: Cleide, Paulinha, Chuchu, Nelson e Marcio, fomos até onde poderíamos apoiá-los, na subida da Serra de Maresias não é mais possível parar o carro para ajudar, então seguimos para a linha de chegado, certos que fizemos o máximo possível que cruzassem a linha final.
Estávamos na linha de chegada quando os atletas começaram atravessa-la, foi uma mistura de frustração e satisfação, afinal gostaria muito de estar cruzando a linha como no ano passado, mas fazemos uns planos e Deus faz outros, e ao mesmo tempo senti muita satisfação por de alguma maneira poder ter contribuído para que todos chegassem bem, fiquei feliz comigo como pessoa.
Sempre nestas corridas a pessoas trabalham para que eu chegue, sempre falo de equipe, no momento em que quebrei poderia ter ficado chateado e choramingando, ao invés disto me incorporei a equipe que lutavam bravamente para que os atletas que brigavam contra todas as adversidades chegassem e acima de tudo chegassem bem.
Sei que o texto desta vez foi um pouco longo, mas é uma corrida que merece que todos os detalhes sejam contados , foi maravilhoso poder participar não só de uma corrida, foi algo muito maior, não houve vencedores nem vencidos, houve união,companherismo, onde todos ganharam, estive com amigos e minha esposa Cleide, depois de uma corrida desta um dia como este, todos nós voltamos diferentes para casa, não tenho duvidas que voltamos melhores como seres humanos.
Todos voltaram com planos para o futuro, as meninas planejam uma equipe feminina para o revezamento em outubro, o Marcio que fazer a corrida solo, eu e o Chuchu nos prontificamos a fazer o apoio de bike, o Nelson vai correr na Áustria, esse ficou isibido.
Dou os parabéns a todos que estiveram nesta grande aventura, foi realmente fantástica, em especial ao Chuchu que fez uma corrida perfeita e lembrando que em outubro tem mais.
Chegando em Sampa fomos comer uma belar carne, afinal estavámos todos sem almoçar.



Como era a primeira vez dentro do Jockey Club, foi muito estressando para retirada do Kit, para vocês terem uma idéia a largada foi dada e eu ainda não havia retirado o kit, quando consegui não tinha mais ninguém na linha de largada, a vontade era de ir para casa. Procurei correr tranqüilo com a Lú ditando o ritmo, mas as coisas ainda não estvam bem para o meu lado, com dores forte todas a vezes que tomava água, fiz só metade, e ficamos batendo um papo.
Bom desculpa pelo texto longo, mas tinha muita história para contar.
Abração a todos.
PROXIMO TIRO: MARATONA DO RIO DE JANEIRO – 18/07/2010 – ATÉ LÁ.